CPMI aprova prisão e quebras de sigilo do advogado Nelson Wilians Rodrigues

Foto: Divulgação
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Na primeira parte da reunião da CPMI do INSS desta quinta-feira (25), os parlamentares aprovaram a prisão preventiva do advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues. Ele é ligado a Maurício Camisotti, investigado por supostamente ser um dos beneficiários finais dos descontos indevidos contra beneficiários do INSS.

Além da prisão, o deputado Rogério Correia (PT-MG), autor dos requerimentos (REQ 1.868/2025 e REQ 1.817/2025), pede também a quebra de sigilos bancário e fiscal de Nelson Willians Rodrigues e o envio de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre as movimentações financeiras do advogado entre 2019 e 2025.

Pedido de prisão de Nelson Wilians pela PF

“A Polícia Federal já representou pela prisão preventiva do investigado (Nelson Wilians), em razão dos riscos de obstrução da investigação e continuidade delitiva. Embora o pedido tenha sido negado monocraticamente pelo ministro André Mendonça, do STF, permanecem atuais e graves os fundamentos para a custódia cautelar, diante da magnitude da organização criminosa e do prejuízo bilionário causado a milhões de segurados do INSS”, argumenta Rogério Correia no requerimento.

Nelson Wilians Rodrigues chegou a prestar depoimento na CPMI na semana passada como testemunha na investigação que apura os descontos indevidos no INSS. No entanto, ele optou por não responder aos questionamentos, respaldado por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Convocações

Os parlamentares, sobretudo, aprovaram 25 requerimentos ao todo. Confira todos os requerimentos aprovados aqui. Eles incluem também a convocação de dirigentes de entidades suspeitas de envolvimento nas fraudes. Um deles é o presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes. Além disso, o presidente da Conafer teve seu nome incluído em oito requerimentos de diferentes parlamentares.

“A Conafer experimentou um crescimento vertiginoso em sua arrecadação, saltando de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões, coincidindo com o período de intensificação dos descontos indevidos aplicados diretamente nos benefícios previdenciários de milhões de segurados. As investigações revelaram ainda que a confederação teria recebido aproximadamente R$ 688 milhões por meio de descontos não autorizados”, justifica o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

Ademais, outro nome que passa a fazer parte da lista de convocados é o do auxiliar administrativo José Laudenor, sócio do ex-ministro da Previdência Ahmad Oliveira. De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), Laudenor teria realizado movimentações financeiras “não compatíveis com a renda declarada” e teria recebido valores de Cícero Marcelino, operador da Conafer.

Também foi aprovada a convocação de Aline Bárbara Mota de Sá Cabral, ex-secretária de Antônio Carlos Camilo Antunes — o “Careca do INSS”. Ele que presta depoimento nesta quinta, bem como o empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, ex-sócio de Nelson Willians Rodrigues.

Informações

Deputados e senadores também requisitaram informações ao Ministério da Previdência Social e à Dataprev, ao Senado, à Câmara e ao TRF da 1ª Região. Os pedidos, contudo, abrangem relatórios sobre empresas ligadas ao caso e registros de entrada de pessoas investigados em dependências do Congresso Nacional.

Em outra frente, os parlamentares pedem ao Coaf o envio do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) de um empresa de locação de carros de luxo. A empresa é de Antônio Carlos Camilo Antunes (a DRPL Comercialização e Locação de Veículos S.A.). Além disso, também há solicitação do relatório completo de análise financeira da operação Sem Desconto, da PF, que investiga as fraudes nos benefícios dos aposentados do INSS.

Rejeitados

Dos 30 requerimentos que constavam na pauta, cinco foram rejeitados após orientação da base governista. Todos estavam ligados à convocação do empresário Silas Bezerra de Alencar, sócio da Orleans Viagens e Turismo. A empresa é responsável pelo fornecimento de passagens aéreas para a Contag. Esta é uma das entidades apontadas por promover descontos indevidos nos benefícios dos aposentados.

A empresa ganhou um processo de licitação para venda de passagens para o STF outros órgãos. O relator da CPMI, todavia, disse que investigações da PF e da CGU levantam provas da ligação a outras entidades acusas dos desvios no INSS.

“A empresa recebeu de uma entidade sob investigação R$ 5 milhões e há vários imóveis adquiridos basicamente no mesmo valor da recepção do recurso dessa entidade associativa. Isso faz parte do inquérito da Polícia Federal”, afirmou Gaspar.

Silas Bezerra de Alencar

Primeiramente, o senador Rogério Marinho (PL-RN) também defendeu a convocação de Silas Bezerra de Alencar.

“O pedido é para apurar se há um nexo causal. Os indícios já estão dentro do próprio requerimento. Esta agência é suspeita de ter lavado recurso para a maior entidade beneficiária de descontos associativos de todo o processo da previdência”.

Paulo Pimenta (RS), no entanto, justificou a rejeição da convocação por considerar que a participação não teria relação com o objetivo da CPMI.

Por fim, o petista disse que o grupo não pode fugir do foco da investigação. “Nós não podemos nos perder do foco da investigação. Quem tem interesse que a gente fuja do foco da investigação são exatamente os criminosos [em quem] temos que chegar. Nós não encontramos nenhuma conexão entre o que nós estamos investigando e essa empresa”.

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