Na reta final de sua gestão como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso voltou atrás em uma das frases mais polêmicas de sua carreira recente. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (22), o ministro classificou como “infeliz” a declaração em que disse que “nós derrotamos o bolsonarismo”, feita em julho de 2023, pouco após as eleições presidenciais.
Barroso contou que a fala ocorreu durante um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em meio a protestos da plateia. Pressionado pelo ambiente hostil, ele teria elevado o tom e incluído a expressão sem refletir sobre o peso das palavras. “Foi um erro, porque parecia que o Supremo havia se colocado contra um grupo político. Eu quis me referir ao extremismo, mas acabou soando como desrespeito a milhões de eleitores”, afirmou. Segundo o magistrado, a única atitude possível diante do equívoco foi pedir desculpas.
O ministro também relembrou outros episódios de atrito com apoiadores de Jair Bolsonaro, incluindo a resposta “perdeu, mané” a uma manifestante em 2022.
Além do mea-culpa, Barroso abordou o debate sobre a anistia e a revisão de penas dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Ele reiterou que o tema é de competência do Congresso, mas avaliou como “razoável” discutir a redução de punições. “O direito penal não é feito para vingança. Cabe ao STF apenas verificar a constitucionalidade de uma eventual decisão do Legislativo”, disse.
O ministro será substituído por Edson Fachin na presidência do STF na próxima semana, em um momento em que a Corte segue no centro do embate político e jurídico sobre os limites da democracia no Brasil.
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