Durante o Encontro Brasil-Alemanha, o presidente da CNI, Ricardo Alban, alertou para os efeitos negativos da taxa básica de juros (Selic) e do spread bancário sobre a competitividade da indústria nacional. Segundo ele, o atual cenário torna inviável competir globalmente.
“É triste ver o Brasil com uma Selic três vezes maior do que a inflação projetada. Isso não tem justificativa técnica aceitável”, afirmou. Ele reforçou que, além da Selic alta, o país sofre com juros reais embutidos nos empréstimos bancários que chegam a níveis “absurdos”, tornando o chamado “Custo Brasil” um verdadeiro obstáculo à produção.
Alban detalhou que o custo médio do crédito industrial no Brasil gira em torno de 35% a 40% ao ano, enquanto países concorrentes operam com taxas entre 1% e 7%. “Como competir com isso? Indústria não tem clima, nem fronteira. Ela disputa espaço no mercado global”, alertou.
Para ele, a solução passa por uma racionalização conjunta dos gastos públicos entre os três poderes, além de um debate sério sobre os chamados “gastos tributários”, que muitas vezes funcionam como estímulos à produção. “Não podemos tratar esses incentivos como vilões. Eles existem no mundo todo para corrigir desigualdades competitivas. Precisamos discutir o que faz sentido e o que não faz”, concluiu.