O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (31) que a Receita Federal passará a apoiar de forma cada vez mais constante os órgãos de segurança pública em operações de combate ao crime organizado. Segundo ele, todo o aparato da Fazenda Nacional está sendo colocado à disposição das forças de segurança, tanto na esfera federal — com o Ministério Público e a Polícia Federal — quanto na estadual.
“Estamos aumentando muito o nosso nível de cooperação. Vai se tornar cada vez mais frequente a participação da Receita Federal no apoio aos órgãos de segurança pública, porque ela tem muita informação”, disse Haddad em entrevista concedida no gabinete do ministério, em São Paulo.
O ministro comentou o balanço da Operação Fronteira, divulgado nesta sexta pela Receita, que resultou na apreensão de mais de mil pistolas do crime organizado. Segundo ele, foi descoberto um plano de furto dessas armas, que agora estão sob guarda das Forças Armadas. Haddad destacou que, em diversos países, as receitas nacionais desempenham papel ativo no apoio à segurança pública, já que suas atividades de fiscalização frequentemente revelam crimes tributários e não tributários.
Taxação das bets e cooperação institucional
Questionado sobre a proposta do presidente da Câmara, Hugo Motta, de aumentar a taxação das apostas online (“bets”) para financiar investimentos em segurança pública, Haddad considerou a ideia “ótima”.
“Em todo o mundo, produtos e serviços com externalidades negativas pagam mais impostos”, afirmou. O ministro também ressaltou que o combate ao crime organizado depende da cooperação entre os poderes Executivo e Legislativo e elogiou o diálogo com o Congresso. “Quanto mais nós cooperarmos, mais fácil será a atividade de combate ao crime organizado”, afirmou.
Haddad lembrou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta quinta-feira, uma lei de autoria do senador Sergio Moro que endurece penas para quem tenta obstruir investigações contra organizações criminosas. “O Sérgio Moro apresentou uma lei, e o presidente achou por bem sancionar. O cara não pode ter uma boa ideia?”, disse o ministro.